Programa Viva Japeri realiza o III Treinamento Integrado de Implementação e Sensibilização das Notificações de Violências

O encontro apresentou aos profissionais de saúde o tema “A ética no enfrentamento à violência no município de Japeri”

Histórias de celebridades que experimentaram o amargor da violência praticada por quem lhes jurou amor, cuidado e fidelidade foram relatadas por vozes de mulheres que são profissionais de saúde da cidade de Japeri. Esses relatos se tornaram análises de casos concretos no III Treinamento Integrado de Implementação e Sensibilização das Notificações de Violências que aconteceu no auditório do Centro Municipal de Especialidades, em Engenheiro Pedreira, nesta terça-feira, (5). 

Histórias de Ana Hickmann, Klara Castanho e Naiara Azevedo, celebridades vítimas de violência, foram lidas por profissionais de saúde de Japeri, como a agente de saúde Jandira Cruz

Para o subsecretário de Vigilância em Saúde, Amaro Neto, esse é um momento de união, de forças, saberes e experiências em prol de uma política pública de proteção às vítimas de violência. “Quanto mais juntos e afinados com o instrumento da ficha de notificação de agravos estivermos, poderemos proteger mais e melhor as vítimas”, destacou o gestor. 

Nesta edição, o encontro organizado pelo Programa Viva Japeri trouxe o tema ‘A ética no enfrentamento à violência no município de Japeri’ e contou com a palestra da advogada do Centro de Referência da Mulher (Cram), Cyntia Freitas. A defensora apresentou a análise de casos, as medidas protetivas, agora solicitadas por órgãos de protetivos e o direito ao sigilo e proteção através da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). 

A advogada do Cram, Cyntia Freitas com a equipe do Programa Viva Japeri, Silvana Amaro, Ana Paula Bittar e Ruth Valentim

“Hoje o Cram é o grande suporte da mulher na cidade de Japeri. Realizamos uma escuta humanizada e acolhedora, e os pedidos de medidas protetivas. Primamos pela ética nos atendimentos e os casos não são debatidos fora da equipe técnica e do equipamento, mas, divulgamos o fluxo e todos os esforços para que a proteção aconteça e o ciclo de violência tenha um fim”, explicou. 

Os profissionais da Atenção Básica puderam debater também os olhares, mudanças de paradigmas e a educação das novas gerações. O servidor Rodrigo Cajazeira destacou a educação do próprio filho, que com 12 anos o surpreendeu ao gritar com a mãe e a avó. “Eu vi a cultura do machismo, onde é do homem a última palavra, espelhada na atitude do meu filho. Eu o corrigi porque amanhã ele vai ser um homem e eu tenho que formá-lo, educando para ser respeitador das leis e das pessoas”, disse. 

A psicóloga Ana Paula Bittar realizou com os participantes o exercício de preenchimento da Ficha de Notificação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), para que os profissionais pudessem exercitar as práticas de escuta, acolhimento e preenchimento correto da ficha que é um indicador estatístico que gera impacto e mobilização de políticas públicas. 

Viva Japeri: Programa Municipal de Vigilância em Violências e Acidentes 

O Programa Viva Japeri, iniciativa da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), realizou nesta terça-feira, (5), das 13h às 17h, o III Treinamento Integrado de Implementação e Sensibilização das Notificações de Violências. A ação aconteceu no auditório do Centro Municipal de Especialidades, em Engenheiro Pedreira. 

“Este é o nosso terceiro encontro de sensibilização dos profissionais de saúde. A cada edição avançamos no número de agentes públicos que uma vez capacitados, identificam as violências e atuam para não deixar nenhum caso sem notificação e conseguirmos extinguir a subnotificação”, disse a coordenadora Silvana Amaro. 

Para a funcionária, Ruth Valentin, a exposição de mulheres famosas, que atrás das telas têm um mundo perfeito, mas, que vivem uma realidade de violência nos diversos casos ocorridos em 2023, o momento é de uma nova construção. “Precisamos construir uma nova sociedade, onde a vida de mulheres e crianças não sejam sacrificadas e expostas”, disse. 

A coordenadora de Vigilância Epidemiológica Renata Lameira, deu um relato pessoal sobre a sensibilização dos profissionais

Para a coordenadora de Vigilância Epidemiológica Renata Lameira, o maior desafio do programa é o despertar da sensibilização dos profissionais. “É preciso ter o olhar voltado para a pessoa, foi assim que fui alertada sobre a condução de meu relacionamento, pude me libertar e hoje ser uma pessoa com uma vida melhor e mais segura. Nós, do Viva Japeri, trabalhamos para que os profissionais sejam sensíveis ao preenchimento da ficha de notificação e não deixem de informar todas as situações vivenciadas pela vítima”, relatou. 

O programa existe desde 2021, no Centro Municipal de Especialidades (CEMES) de Engenheiro Pedreira, sob a responsabilidade da Subsecretaria Municipal de Vigilância em Saúde (SMVS) e, com uma equipe multiprofissional, que realiza a organização e estruturação das ações de enfrentamento preventivo e monitoramento das vítimas de violência por meio da ficha do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

Fotos: Lucas Alexandre

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