O encontro reuniu as organizações que atuam na proteção e segurança de mulheres vítimas de violência
Nesta sexta-feira, (26), o Centro de Referência de Atendimento à Mulher Alvanira de Souza, reuniu na sede da instituição no bairro São Jorge, organizações que compõem a rede de atendimento e proteção às mulheres vítimas de violência na cidade de Japeri. O encontro é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Assistência Social e Trabalho (Semast) e teve como objetivo o fortalecimento dos vínculos entre os órgãos e a apresentação do planejamento de 2024.
Presente no evento, a subsecretária da pasta, Sara Costa, destacou a importância de momentos que estabelecem uma reciprocidade entre os órgãos, realizam um balanço das ações e permitem um planejamento conjunto do futuro. “Embora cada órgão tenha suas atuações distintas, comungamos do mesmo objetivo de acolher, proteger, resguardar e promover socialmente as mulheres vítimas de violência. Momentos como esse nos permitem fortalecer os vínculos institucionais e a rede de proteção só tem a ganhar”, relatou.
O encontro reuniu ainda, a Patrulha Maria da Penha, o Programa Segurança Presente e a Defensoria Pública. “Nosso trabalho sozinho, não consegue cumprir a missão que a sociedade tem com as mulheres vítimas de violência. Precisamos atuar juntos, não só para quebrar os ciclos de agressões como mudar paradigmas sociais que ainda estão muito presentes no dia a dia das mulheres”, disse a coordenadora do Cram, a psicóloga Regiane Ribeiro.
Para a policial militar da Patrulha Maria da Penha, Cabo Gisele, a articulação da rede salva vidas. “Foi graças ao trabalho de cooperação que conseguimos, após, repetidos episódios de violência contra a companheira, que um agressor fosse finalmente intimado e posteriormente preso. Com violências que só ocorriam tarde da noite e eram cada vez mais graves, o homem saía pela manhã para o trabalho e não era encontrado. Até que conseguimos, com a articulação da rede, que ele fosse intimado, e num dia de folga após novas agressões a companheira, com o apoio do Segurança Presente, ele foi detido e preso. Essa vítima, embora fragilizada, não se intimidou, denunciou e hoje pode reordenar sua vida”, relatou a agente.
Segundo a assistente social da Operação Segurança Presente, Vanessa Rosa, o trabalho da polícia de proximidade é promover com ações de segurança pública e cidadania um ambiente mais seguro e acolhedor aos moradores e comerciantes das áreas de atuação. “Nosso trabalho envolve a promoção da cidadania no espaço público, abordagens, palestras e encaminhamentos para a rede. E nesse contexto, nos chegam também os casos de violência contra as mulheres. Fazer parte de uma rede integrada nos dá a garantia de que a assistência a essa vítima não vai cessar ali no atendimento social ou na condução no âmbito da segurança pública. Vai ser com proteção, garantia de direitos e o monitoramento da Patrulha Maria da Penha”, destacou.
Rede fortalecida
De acordo com os números apresentados, desde 2021, quando teve início a implantação das políticas públicas voltadas para às mulheres vítimas de violência na cidade de Japeri, foram registrados 2943 atendimentos, sendo 498 só em dezembro de 2023. “É um número alto, mas, ainda precisamos acabar com as subnotificações e estabelecer um cruzamento de dados para saber se a vítima percorre a rede de proteção e qual o impacto desse trabalho na segurança delas. Essa articulação nos coloca diante do desafio de estarmos sempre repensando as estratégias de enfrentamento da violência, nos capacitando e fortalecendo a rede”, disse Regiane.
Em 2024, o cronograma do Cram prevê a realização de projetos que vão acontecer em parceria com o Governo do Estado, como o projeto Mulheres Mil, que inclui as mulheres em situação de vulnerabilidade social em cursos da Faetec, sem pré-requisito e com auxílio para o deslocamento e alimentação. O Programa Mulheres Empoderadas, também chega à cidade para oferecer treinamento em técnicas de enfrentamento à violência contra meninas e mulheres, além da identificação dos sinais da violência nas situações do cotidiano.
“O grande desafio deste ano, será a implantação do ‘SerH’. Porque hoje, nós tiramos a vítima do ciclo de violência, mas precisamos exterminar a violência. E isso, só vamos alcançar quando realizarmos um trabalho com os homens. Em três anos de atendimento às mulheres, Japeri entra num novo passo de enfrentar a violência com ações educativas e preventivas com os homens”, destacou Sara.
O Serviço de Educação e Responsabilização do Homem – SerH, foi lançado pela Secretaria de Estado da Mulher (SEM-RJ), no âmbito da Superintendência de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher e prevê a realização de ações educativas e preventivas, grupos de sensibilização com homens que cumprem pena e a capacitação de gestores municipais para implementação do serviço e a formação de multiplicadores.
A defensora pública, Rita de Cássia Gomes, declarou que estar mais próxima das ações de enfrentamento à violência contra as mulheres vai ao encontro das premissas do órgão que é de promover os direitos humanos e defender os direitos individuais e coletivos.
O Centro de Referência de Atendimento à Mulher está localizado na Avenida Vereador Francisco Costa Filho, s/n – São Jorge – Engenheiro Pedreira.
Fotos: Lucas Alexandre