A unidade escolar se uniu em luto e esperança, realizando atividades de escuta especializada com apoio da Secretaria Municipal da Educação
A dor se abateu sobre Japeri na última sexta-feira (1), quando Carlos Eduardo Cabral de Moura, um menino de apenas cinco anos, perdeu a vida após ser atingido por uma bala na Estrada Miguel Pereira, no bairro Nova Belém. Para apoiar sua família e acalentar os corações feridos de seus amigos e colegas, a Prefeitura de Japeri, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, organizou uma ação de acolhimento e escuta, transformando a tristeza em um clamor coletivo pela paz.
A Escola Municipal Darcílio Ayres Raunheitti, realizou uma homenagem ao aluno Carlos Eduardo Cabral de Moura, 5 anos, morto por bala perdida na última sexta-feira, 01.
Balões brancos foram lançados ao céu, carregando desejos de paz, e pequenas mãos confeccionaram cartazes com mensagens de carinho, como se cada palavra e cada desenho pudesse aliviar um pouco o peso do luto.
Emocionada, a Secretaria Municipal de Educação, Caroline Ontiveros, falou sobre a importância de acolher em um momento tão delicado. “É essencial estarmos aqui para essa família e para os alunos que perderam um amigo querido. Combatemos a violência com educação, mas também com amor. Quando uma mãe e um pai choram, todos nós choramos. Como governo, nossa missão agora é oferecer o que for preciso em educação e saúde para quem perdeu uma parte de si neste dia triste. Estamos à disposição da família pelo tempo que for necessário.”
A gestora da unidade escolar, Leila Verônica da Silva, com um semblante firme e coração sensível, conduziu o acolhimento dos familiares, oferecendo a eles o conforto de uma comunidade escolar que compartilha sua dor.
Já a orientadora educacional, Luciana de Barros Mendes, descreveu como foi difícil contar aos colegas o que havia acontecido. “Eles foram para a sala. Eu fui até a turma e juntos, usamos estratégias para compartilhar a notícia. Não foi fácil. Eles pegaram papéis e lápis e, com todo o amor do mundo, fizeram desenhos e cartazes para homenageá-lo, para dizer o quanto ele era amado.”
Para os familiares, a escola disponibilizou uma assistente social, uma psicóloga e uma psicopedagoga, que ofereceram escuta e apoio. Em cada sala, cartazes foram feitos e logo serão expostos nas grades da escola, um tributo silencioso que ecoa a solidariedade de todos.
Professora se emociona ao descrever o aluno
A professora da turma de Carlos, Suelen Darte dos Santos, lembrou que ele era uma criança sorridente, e estava em sua primeira experiência na escola.
“Ele falava pouco e se comunicava sorrindo. Com o tempo, foi desenvolvendo e melhorando a fala. Sempre sorridente, brincando e correndo. Tinha uma melhor amiga na sala, mas se dava bem com todas as crianças. Nunca chorou, nunca demonstrou tristeza. A comunicação era pelo sorriso. Uma criança com um comportamento adequado, sem problemas emocionais, comportamentais, sociais ou familiares. Era uma criança feliz e amável.”
Ela também elogiou a mãe do aluno. “Ela sempre o trazia e buscava todos os dias, sendo uma das primeiras a chegar. Era a primeira pessoa que víamos no portão. Nunca atrasou. Quando o filho faltava, ela vinha pegar as atividades.”
Para ajudar os alunos a expressarem suas emoções diante dessa perda, a turma fez uma atividade de desenho, onde puderam recordar o amigo e expressar sentimentos que ainda são difíceis de entender. Suelen explicou. “Cada desenho, cada cor, era uma tentativa de traduzir o amor e a saudade que sentem por ele. A turma quis falar sobre o que viviam juntos, como brincavam, como ele iluminava cada dia”, explicou.
Os alunos participaram de atividades de expressão emocional, e Mariana Azevedo, psicóloga da educação especial da SEMED, reforçou a importância de vivenciar o luto. “Precisamos ouvir as crianças. Elas também precisam deste espaço para expressar sua dor, para entender que a perda faz parte da vida. E aqui estamos para acolher cada lágrima, cada sorriso de saudade, cada expressão desse luto tão puro e verdadeiro”, disse a psicóloga.
