A iniciativa do Governo Federal mobilizou trabalhos que ampliaram os horizontes pedagógicos, repensaram práticas e vão disseminar as novas metodologias de ensino para outras unidades da rede municipal
Chá literário, maleta de leitura, confecção de livros autorais e instrumentos musicais artesanais, estes e muitos outros recursos fizeram parte da mostra de trabalhos da conclusão do curso de formação do Programa Leitura e Escrita na Educação Infantil (LEEI), iniciativa do Governo Federal, desenvolvida em parceria com Secretaria Municipal de Educação (Semed). O evento foi sediado pela Escola Municipal João XXIII, em Japeri, nesta quarta-feira, (4).
Divididos em dois grupos e conduzido pelos formadores e articuladores, o evento contou com profissionais de 28 unidades de educação infantil da rede municipal, que atuam com crianças de 4 a 6 anos, e desenvolveram durante 10 meses, diversas metodologias que tiveram como foco principal garantir que todas as crianças pudessem alcançar êxito no processo de alfabetização.
A secretária Municipal de Educação, Caroline Ontiveros, participou do evento e destacou a importância da cidade de Japeri ter mais de 80 profissionais da educação infantil envolvidos nesse processo, que não só estimula os alunos, como envolve toda a comunidade escolar e a família. “É um projeto que amplia os horizontes pedagógicos e nos leva a repensar práticas e a disseminar as metodologias de ensino desenvolvidas ao longo do curso para outras unidades da nossa rede municipal, ao mesmo tempo que envolve a família e cria novos vínculos com o aprendizado. Nossos profissionais estão de parabéns”, disse a gestora.
Professoras da Escola Municipal Pastor Tasso Andrade de Oliveira, em Jardim Delamare, Priscila dos Santos e Juliana Fava, apresentaram uma coletânea de livros autorais feitos pelos alunos a partir do projeto Maleta literária, que consiste em o aluno levar o livro para casa, ler com a família e ilustrar o que aconteceu na história. “Com a maleta pensamos em formar leitores, mas, o projeto foi mais ousado e formamos nossos próprios escritores. A proposta do livro autoral conta com a ajuda de pais ou professores que atuam como escribas, as crianças fazem todo o processo de ilustração e narração da história que é relatada da forma como ele narrou, até com os erros, porque eles também fazem parte desse processo. E saíram livros com a imaginação e a leitura que eles fazem do mundo”, explicou.
“Foram livros de diversos temas, terror, pets; histórias imaginárias e do cotidiano, tudo com muita riqueza de detalhes e imaginação, eles aprenderam que contar histórias é uma experiência incrível”, descreveu Juliane que acompanhou o primeiro semestre da atividade.
As apresentações contaram ainda com diversas outras literaturas e a formadora de um dos grupos, professora Janete Rosa, falou do desafio para os professores. “Quando tudo começou achamos um grande desafio, porque não é fácil debater seu ofício, repensar suas práticas e se abrir para criar algo novo. Mas, parece que a gente se renovou tanto nesse processo, que agora já está dando saudade”, falou emocionada ao lado das outras duas mediadoras Arari Maria e Edilene de Paula.
Trabalhando Divertida Mente
O filme Divertida Mente (2015), que relata a história de Riley, uma menina que enfrenta a difícil adaptação a uma nova cidade após se mudar com os pais. A história mostra como suas cinco emoções, Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho, influenciam seu comportamento e revelam, de forma lúdica e didática, o funcionamento do cérebro humano. A animação, reconhecida pela abordagem criativa de um tema complexo, conquistou prêmios como o Oscar, BAFTA e Globo de Ouro de Melhor Filme de Animação, e em Japeri motivou o trabalho das professoras Elaine Vasconcellos, Grace Maria, Zelina Salvate, Nathalia Hipólito e Fátima de Jesus, que se valeram de diversas dinâmicas para motivar a liberdade de expressão e transformar as crianças da educação infantil em protagonistas de suas histórias.
Para a professora Grace Maria, que atua na Escola Municipal de Educação Infantil São Jorge, e junto com um grupo desenvolveu as diversas atividades pedagógicas a partir do filme Divertidamente 1 e 2, realizar o projeto foi muito gratificante e serviu para quebrar paradigmas. “Escolhemos o filme que fala das emoções porque com ele também vamos sair de clichês ditos as crianças de que ‘a escola não é lugar de chorar’, ‘que tudo é alegria’. A criança tem o direito de sentir e expor suas emoções. E assim trabalhamos, as emoções e as reações de acordo com as falas até mesmo de nós, professores. E tivemos ótimas respostas de concentração, análise e as impressões dos próprios alunos diante das situações vivenciadas”, relatou.
Já Fátima de Jesus destacou o processo de preparar o aluno para se escutar e escutar o outro. “Realizamos exercícios com palavras que destacam a consciência fonológica, que é a capacidade de perceber e manipular os sons da fala, ou seja, compreender que a linguagem oral é formada por várias estruturas fonéticas, que são as palavras, as sílabas e, por fim, os fonemas. E que mesmo que ainda não saiba ler, a criança sabe reconhecer”.
LEEI – Programa Leitura e Escrita na Educação Infantil
O LEEI é um esforço nacional para a implementação de ações estratégicas dedicadas a garantir que todas as crianças brasileiras possam alcançar êxito no processo de alfabetização. Nessa perspectiva, a educação infantil integra o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, buscando a inserção da criança na cultura do escrito e dentro das especificidades dessa etapa da educação básica.
O Programa Leitura e Escrita na Educação Infantil acontece simultaneamente em todo o Brasil e a expectativa é a formação de 295 mil docentes em 2024.
Fotos: Samuel Sant’anna
